Moro volta a pedir a população e clama pela voz que vem das suas e ainda disse ainda que a corrupção sistêmica é algo mais assustador, aquilo que era para ser um fato isolado, se torna uma pratica comum, uma regra de mercado.“A justiça tem um papel relevante. Mas sozinha não consegue resolver o problema. É preciso que as outras instituições publicas operem. Aprovem leis de enfrentamento da corrupção. É preciso que a sociedade civil se mobilize para cobrar as instituições publicas. No âmbito das iniciativas privadas, que se auto organizem para evitar o pagamento de propina”, afirmou o juiz, em relação a críticas sobre os resultados da Operação Mãos Limpas, realizada na Itália nos anos 90, de combate á corrupção.O juiz traçou em sua palestra um paralelo entre a Operação Mãos Limpas e a Operação Lava-Jato, no Brasil. “As duas tiveram um começo relativamente banal”, afirmou Moro. “O aprofundamento das investigações foi ampliando o foco, revelando novos fatos, uma verdadeira bola de neve.”Moro destacou que “a corrupção faz parte da vida humana, somos uma amálgama de vícios e virtudes e é sempre possível decair no vicio, cometer um crime”, destacou. “Mas nessa outra perspectiva da corrupção sistêmica isso é algo mais assustador, o que aquilo que era para ser um fato isolado, se torna uma prática comum, uma regra de mercado, e proporcionalmente isso gera desafios muito maiores as instituições.”
“Essas corrupções endêmicas,
sistemáticas, se não são enfrentadas, tendem a ficar cada vez pior. Elas
vão crescendo, se estabelecem como uma regra comum de comportamento”,
destacou.
O juiz afirmou que o caso da Operação
Mãos Limpas mostrou que o problema de não conseguir melhorar as
instituições pra reduzir ou eliminar a corrupção sistêmica na Itália foi
o fato de a democracia italiana não ter sido forte o suficiente para
prevenir essa reação política desencadeada pela operação. “Não houve
amparo suficiente da sociedade civil organizada italiana”.
“Na Itália há uma historia fechada e no Brasil é uma história ainda aberta esperando pelo seu final”, disse Moro.
O juiz federal citou sem citar nomes um
caso envolvendo um ex-deputado federal condenado pela Operação Lava
Jato. “Foi condenado, preso, cumprindo pena e, de repente, durante as
investigações desse caso da Lava Jato, a polícia se depara com provas de
que ele também recebia em decorrência do esquema criminoso da
Petrobras. Foi colhida prova documental. Isso que me assustou, em
particular, é que durante o julgamento, enquanto ele estava sendo
julgado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, em 2012, ele
concomitante recebia valores do esquema criminoso da Petrobras. Então
assim, há uma certa dificuldade de compreensão desse tipo de fenômeno.”
“E que nos levava a algumas indagações né, será que também não existem outros?”
(VIA AGÊNCIA)
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